sábado, 30 de junho de 2007

Por favor... Música para os meus ouvidos!

Em um outro post meu, intitulado "Homofobia?", eu abordei a questão do preconceito de uma forma bem efetiva e honesta, então de já peço aos meus queridos leitores que não se apressem em me acusar do mesmo.

Se você já observou em meu perfil, já deve saber que eu sou natural de Caxias-MA, moro em chapadinha a algum tempo, e desta terra gosto muito, mesmo com todo seus poréns. Bem, sou nordestino de fato e de verdade. Nosso bom nordeste, de onde saíram mentes brilhantes como Gonçalves Dias, Nelson Rodrigues, Aluísio Azevedo, Ariano Vilar Suassuna, que estenderam Brasil a fora, sua capacidade intelectual, talento, e com eles, a nossa cultura nordestina brasileira, e porque não "alta-cultura". Mas nem só de rosas e orquídeas é composto este jardim cultural chamado Brasil.

Nosso país como um todo passa por um tipo Obscurantismo, disfarçado de Iluminismo;
Quero abordar em particular apenas um aspecto que para mim, é de todo espectro geral da situação. A Música brasileira. Alguém poderia já puxar o gatilho e disparar: "Questão de gosto não se discute", e eu com meu colete à prova de balas respond; não vamos falar de gosto.

Há um falso conceito, nos meios sociais que diz que a boa cultura é elitisada, chamam isso de Cultura de Elite. Alguns elementos que fazem parte dessa cultura são; o teatro, pintura, arte plástica, música erudita, literatura.

Envergando de já o meu balde (que expressão tosca), quero dizer que este conceito é falso, ao mesmo tempo que real. É falso porque ainda no Brasil, assim como em muitos outros países, a classe baixa, os pobres e os miseráveis, não tem acesso à cultura dita cultura de elite, junte seus trocados para tentar inadvertidamente comprar um bom livro, o ingresso cobrado na entrada de um teatro ainda é relativamente caro, existe no Brasil alguns vernissages de arte com entrada gratuita, porém ainda são a exceção da regra, uma noite de música clássica... some o que vc gastaria numa dessas entradas, e vc comprará carne para 2 semanas (comparação pobre, sim, mas é desta forma que pensam os pobre). Por outro lado o conceito é falso, porque traz uma idéia de possessão das classes de maior poder aquisitivo, pior ainda, uma idéia de restrição, é como se esta cultura não podesse sair do centro da atividade de consumo.
Falso ou real, o certo é que no Brasil, o quadro é este, e em tons de cinza.

Muito me entristece, os rumos que a cultura artística deste país tem tomado, nós observamos hoje, estilos como forró, funk, brega, pagode contemporâneo, swing, e derivados... que trazem em sua temática; sexo, traição, embriaguês, libertinagem, mulheres como objeto, e sexo, sexo, sexo e sexo. Me adianto às suas críticas e me defendo que não são todos que o fazem, não quero generalizar, sei que existem muitos músicos de bom conteúdo.

Mas alguém ainda diria que isso é falso moralismo e censura e que a época da ditadura já acabou e blá, blá, blá... por favor, terminem de ler este post. Não quero dizer que não existam estas coisas, sim existem, são bem reais. Mas isso não quer dizer que devemos fazer dessas temáticas Cavalo de Batalha, e vou mais longe, essas músicas não simplesmente abordam esses temas, mas fazem apologia aos tais.
Temos um país, onde a luta contra a prostituição infantil ainda é tímida, porém a nossa falta de noção, a televisão brasileira, as rádios e os próprios pais, deixam chegar às crianças esse tipo de mensagem que traz o sexo de forma banalizada, irresponsável e sem maiores conseqüências. Sabemos bem, que essa é a mensagem mais assimilada pelos nossos adolescentes, acho até que por natureza. A outra coisa que me revolta nessa temática explorada, é que estes temas são abordados simplesmente pela vontade de vender, não é preciso fazer nenhuma ginástica mental, para sabemos que o que mais vende hoje em dia, é o sexo; tire as dançarinas dos grupos de pagode do palco, o que resta? Música? Aumente a saia das dançarinas e cantoras de forró, o que vai restar? Arte? Ponha poucos centímetros a mais nos shorts das "cachorras" do funk, o que vai restar? Cultura? É a isso que a mídia quer que chamemos de cultura? Que tipo de cultura é essa, que ensinam os homens a chamar as mulheres de cachorras? Alguém já cego pela idiotice diria: mas só chamamos de cachorra, as que gostam, as que são cachorra mesmo. Hum... que desculpa inteligente hein?! onde vc aprendeu isso? entre o rebolar da bunda nua de uma bandinha de forró e a mostragem gratuita da genitália de uma funkeira? Ah sim, essa é a sala de aula que a mídia tem oferecido ao público brasileiro.
Pasmem, mas existem até pessoas que vomitam a seguinte frase: "mas é isso que o povo gosta".
Eu digo a vcs, meu caros leitores, é isso que somos ensinados a gostar. Sei que existe forró de boa qualidade, Funk sadio, Pagode pra valer... basta procurar, só não procure nas televisões comerciais... essas só querem vender, vender imagem, imagem de bundas e peitos.

Vc pode estar pensando, esse cara é uma bimba... não gosta de mulher... não gosta de sexo. Gosto de mulher sim, sempre gostei, sempre vou gostar, gosto de sexo, amo sexo... isso faz parte da natureza de todo homem. Mas bestialidade do sexo? Coisificação da mulher? Retalhar a personalidade feminina em bundas e peitos... isso não faz parte da minha personalidade.

Mas o que me deixa gritantemente irritadiço, é como a mídia, grupos sociais, tem tentado inculcar nas pessoas esse insulto, como cultura. Dizem que essa é a cultura popular, levam essas idiotices, pessoas sem um mínimo de talento musical, com essas letras que podem ser muito bem adaptadas ao texto de um vídeo pornô, e chamam a isso de cultura do povo, cara que ofensa, será que o povo não vê isso? Vcs estão percebendo que quando chamam isso de cultura do povo, estão ofendendo e discriminando a todos os populares? É uma aberração levar essas coisas à televisão, é um culto a ignorância, isso só mantém as pessoas presas em um mundo subverso, a ignorância é tamanha... lembro-me de uns programas da TV em dia de domingo, que levavam crianças, para imitar a Sheila Carvalho, Carla Perez, Sheila Mello... mulheres indubitavelmente lindas, então colocavam na telinha as menininhas "vestidas" em shorts curtos tal e qual, com sainhas minúsculas, onde à mostra ficavam o bum bum dessas crianças... esses malditos, vão pagar muito caro. Esta mesma mídia, é aquela que no intervalo de sua programação rodam propagandas, contra a prostituição infantil... imbecis, mil vezes imbecis... erotizam nossas crianças, vendem seus corpos durante os programas, e nos intervalos veiculam uma propaganda hipócrita... "diga não à prostituição infantil, mas no próximo bloco... não percam, nossas criançinhas vão mostrar e rebolar suas bundinhas". Cultura? Vc vem agora me dizer que o É o Tchan passava cultura para para o povo? Funkeiros, forrozeiros, passam cultura? Pra quem? Tem um programa na tela, que se diz propagar a CULTURA FUNK, pelo amor dos meus ouvidos... Ainda tem um tal de Calixo, que sua maior atração, é uma loira que canta gemendo, quase uma simulação de um orgasmo em cima do palco, rebolando com suas saias tamanho mirim... ela é bonita? Sim. É bom ver mulher bonita? Sim. Mas, meus amigo... onde está a música? Onde está a arte nessas coisas?

Nosso país tem uma dificuldade enorme em fazer julgamentos de valor moral, primeiro pq temos a falsa idéia de que julgamentos de valor moral seja um tipo de preconceito ou censura, é errado e errôneo pensar assim. Quando vc diz por exemplo que eu me excedo nas minhas declarações, isso é um julgamento de valor moral.
Será que é com essas temáticas que vamos conseguir uma população conscientemente política? Será que não estamos nos anulando nas nossas mentes?

Muito tenho a dizer sobre essas coisas, porém, creio que vc já estejam enfadados destas linhas, porém queria eu que pelo menos algumas delas pudessem fazer vc pensar, e tomar alguma atitude, mesmo que seja contra a mim. Pelo menos, estou tirando vc do seu lugar, e fazendo vc pensar, coisa que nenhuma dessas abominações culturais é capaz de fazer.




por Paulo Sullyvan






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